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terça-feira, 6 de julho de 2010

Varandas ”gourmet” se abrem para a classe média paulistana



Varandas ”gourmet” não são mais privilégio de lançamentos de alto padrão: passaram a ser uma aposta dos incorporadores em apartamentos para a classe média. O ambiente, assim chamado por ter churrasqueira ou se ligar à cozinha, foi diferencial em mais de 20 mil unidades lançadas na cidade de São Paulo nos últimos três anos por cinco grandes construtoras do país -Brookfield, CCDI (Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário), Cyrela, Inpar e Rossi. A Gafisa não forneceu seus dados.

”Hoje, a varanda ”gourmet” está presente em lançamentos de 49 m² a 70 m²”, dimensiona Maurício Barbosa, diretor de incorporação da CCDI. Há cinco anos, calcula, aparecia em unidades de 120 m², em média.

Antes de se animar com os futuros churrascos, porém, o comprador deve se informar sobre o que está incluído no contrato de compra do imóvel. Churrasqueira, pia instalada e dutos de ventilação precisam ser discriminados.

”Entregamos alguns produtos com os itens instalados. Em unidades menores, deixamos a área preparada para receber uma churrasqueira a gás e a pia, com ponto de água”, cita Barbosa.

O advogado Marcio Rachkorsky, especialista em condomínios, explica que é importante a menção a um duto de ar específico para o ambiente. ”Sem ele, pode haver problema de fumaça nos andares superiores.”

O comprador pode ter um desembolso extra para a varanda ser entregue equipada. Clientes da construtora M.Bigucci pagam cerca de R$ 6.000 para receber o terraço \”gourmet\” montado.

Para envidraçar a sacada e ampliar a área da sala, devem-se respeitar a convenção do prédio e a legislação, que proíbe derrubar paredes que separem os ambientes.

Lazer vira fumaça com erro de uso ou de projeto

Receber amigos, fazer um churrasco, desfrutar de uma vista. Esse em geral é o cenário na imaginação de quem compra um apartamento com varanda \”gourmet\”. A realidade, porém, é bem menos prazerosa se há problemas ao usar o espaço.

O gaúcho Renato Oliveira Matheus, 38, gerente comercial, diz que a churrasqueira na sacada foi o fator determinante na compra de um imóvel na Granja Julieta (zona sul de São Paulo). Seu entusiasmo durou até a primeira vez em que foi utilizá-la. \”A fumaça retornou toda para cima de mim\”, conta.

\”A construtora diz que isso ocorre porque os demais moradores não fecham uma tampa mecânica que há nas churrasqueiras, o \”dumper\”. Se todas as que não estiverem em uso ficarem abertas, o problema aparecerá.\” Outra questão que causa divergências em relação à varanda é a decisão de envidraçá-la, que deve ser aprovada em reunião de moradores e seguir certas regras.

A lei diz que é necessária a aprovação unânime dos condôminos. Porém, há decisões judiciais que reconhecem a validade do consentimento por maioria simples, ressalta o advogado Edwin Britto.

PADRÕES

Os materiais utilizados em vidro e esquadria têm de ser os mesmos em todos os apartamentos, senão o condomínio pode ser multado pela prefeitura. Quanto mais detalhado o padrão, melhor.

\”Escolhemos a cor do vidro, sua espessura e as esquadrias\”, lista José Eduardo Sichetti, 45, síndico de um prédio na Saúde (zona sul).

No condomínio onde a fisioterapeuta Telma Gammal, 50, é síndica, foram seis meses de debate até chegar a um acordo sobre o envidraçamento. Uma única empresa foi contratada para fazer todas as obras necessárias.

\”A firma já sabe como fazer e que materiais usar. Conseguimos negociar uma condição melhor de pagamento\”, argumenta Gammal.

Cibele Branco, 35, nutricionista, conta que envidraçou a varanda de seu apartamento em Interlagos (zona sul) para usar melhor o espaço, sem vento e ruído. \”Recebemos os amigos e é um local para o meu filho brincar.\”

Reformas na alvenaria da varanda estão vetadas sem aprovação da prefeitura, pois alteram a área útil do apartamento (leia no texto ao lado).

\”Não se pode colocar cortina nem pendurar quadros, ou passar película para escurecer o vidro\”, cita Renê Vavassori, diretor da administradora Itambé.

SACADA DE VIDRO

É proibido:

>> Fugir dos padrões de vidro e de esquadria estabelecidos pelo condomínio

>> Aplicar película para escurecer o vidro

>> Pendurar quadro ou poster na parede

>> Colocar cortina Derrubar paredes que separam a varanda da sala

>> Retirar portas que dividem os dois ambientes

>> Incluir itens de iluminação que não forem aprovados em assembleia

R$ 5.000

Custo mínimo médio para envidraçar a varanda

Inclui material e mão de obra

Fonte: Folha de são Paulo

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